segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Histórias de Bernardo - Primeira Parte

Manhã chuvosa em Jingletown. O céu cinza escuro e a gentil garoa batendo contra o vidro da cafeteria completavam o clima melancólico. Estava eu, sentado ao lado da janela, tomando meu café-da-manhã, e, como é de se esperar, sozinho. Tinha de tirar os óculos a cada 10 segundos para limpar o vapor condensado nas lentes, já gastas e foscas. Ria comigo mesmo da minha estupidez. Ao lado, meu fiel caderno de notas, já surrado  e desconfigurado; marcas do meu compulsivo instinto de escrever. Posso lhes dizer que, é neste caderno estou escrevendo minha história de hoje. Minhas memórias e sentimentos, todos espelhados nesse monte de papel amarelo rabiscado.... O quê poderia dar errado?

Quatro anos se passaram desde que eu larguei a faculdade, saí de casa e me exilei para um lugar distante, procurando por tranquilidade e inspiração. Já não suportava mais Clara perto de mim, apesar dela continuar sendo o meu assunto principal em todos os contos, desde memórias distantes até sonhos recentes. É... She's the one that got away.

A minha história de hoje se resume em algo que não aconteceu à tanto tempo assim...
Já nos aproximavamos do Natal. A data comercial preferida de todas. Não sou muito chegado em ganhar presentes ou qualquer algo do gênero, mas, foi em um amigo secreto de família que eu recebi o melhor e mais útil presente de todos. Com uma bela introdução e charadas, finalmente meu avô revelou o "sortudo" da rodada. Eu, educadamente, agradeci pelo presente. Eu olhei fixamente para a pequena embalagem. O que era aquilo? Era pequena e escura, quase como um estojinho de couro e dentro, um livro de capa dura, com páginas amarelas e uma caneta preta. Eu estranhei. Era algo muito simples. Não era o que eu havia pedido, mas não havia o porquê de reclamar. Passei horas ponderando o significado daquilo até achar um pequeno bilhete na contracapa. "Sei que você esconde, mas eu sei que você tem vários problemas e eles, saiba você ou não, te afetam profundamente. Esse diário serve para você extravasar toda essa pilha de memórias e acontecimentos. Uma ferramenta simples, mas poderosa. Acredite, isso pode, um dia, mudar tudo. Feliz Natal, Bernardo".


Um sorriso abriu no meu rosto.

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